A economia neste ano recuará cerca de 1%. As empresas planejarão para manter intacto seu quadro de funcionários qualificados. A estagnação ou nova oportunidade são os principais motivos para profissionais mudarem o trabalho. A pesquisa da Michael Page realizada com 1.000 executivos no País, entre janeiro e março deste ano comprovou isto.
“Os funcionários estão com olhar mais ‘para dentro’ da empresa. Ou seja, estão em busca de novas oportunidades, novos desafios, o que é reflexo do momento atual da economia”, comenta Ricardo Rocha, gerente executivo da empresa de recrutamento.
No levantamento uma nova oportunidade de trabalho é citada por 22% dos entrevistados como principal razão para o pedido de demissão. Sentir-se estagnado e desestimulado são as razões de 17% e 15%, respectivamente, dos consultados.
Já insatisfação salarial e baixa qualidade de vida, ambos, são citadas por 8% dos profissionais. “Na crise de 2008 havia um movimento de profissionais que buscavam salários maiores. Agora, esses funcionários querem projetos mais consistentes. Uma tendência para este ano e que deve ocorrer em todo porte de negócio”, disse.
Segundo Rocha, as pequenas empresas também devem ficar atentas a esse movimento porque apesar de não poderem oferecer pacotes mais atrativos para atrair ou manter um funcionário, possui mais desafios que é o que profissionais qualificados procuram.
Medidas
Do lado do empresário, o gerente executivo da Michael Page comenta que as orientações para manter ou contratar são para que verifique e ofereça oportunidades melhores em relação ao mercado – o que necessita de uma pesquisa ou procurar uma consultoria -, assim como alternativas como bônus, por exemplo.
A diretora de Transição de Carreira e Gestão da Mudança da consultoria LHH, Irene Azevedo, também afirma que, como salário não é mais motivo para segurar um funcionário especializado, oferecer cursos para elevar a qualificação pode ser um incentivo a mais.
“Para tanto, o gerente ou dono de um negócio precisa saber o que cada colaborador pensa e quer para sua carreira. Cada pessoa tem um objetivo diferente, tem uma motivação diferente. Se fizer essa pesquisa tem mais chances de manter os profissionais qualificados”, aponta a especialista, ao acrescentar que no caso dos pequenos negócios, por conta do número menor de empregados, essa avaliação individual é ainda mais fácil.
Além disso, Irene lembra que quando há desaceleração na economia, é mais comum as empresas colocarem “o pé no freio” em termos de novas contratações, uma solução no desenvolvimento do próprio negócio neste período pode estar, justamente, em ajudar os talentos internos. “Se há vaga em aberto, o custo de promover um funcionário é muito menor do que o de se buscar alguém de fora”, explica.
“Na maioria das vezes as pessoas mudam de emprego quando veem que não tem mais o que aprender no lugar onde estão. Por isso o gestor deve sempre observar o que seu colaborador quer, e não só oferecer vantagens quando este pede demissão”, ressalta.
Alertas
Do lado do profissional, os especialistas afirmam que o diálogo é a melhor solução para buscar oportunidades dentro da própria empresa, principalmente em momentos de crise na economia. “Todos sabem o que ocorre no País e ninguém vai aumentar a pressão se não tiver certeza que pode fazer isso”, avalia Irene.
“Mudar de emprego repentinamente diante de um cenário de crise pode ser perigoso para carreira. O melhor a fazer nesse caso é entender bem o que essa transição significa e aonde se quer chegar através dela”, alerta a diretora.
Porém, Ricardo Rocha orienta que se o pedido de demissão for a melhor escolha, o funcionário deve conversar primeiramente com o chefe e expor suas razões que culminaram no pedido de desligamento. “É sempre importante sair pela porta da frente”, sugere o gerente da Michael Page.
Executivos esperam ano difícil em toda a América Latina
O ano de 2015 deve ser desafiador não apenas para o Brasil, mas para os principais países da América Latina. É o que revela o Mapa de Perspectivas Econômicas e Profissionais 2015, desenvolvido pelo PageGroup. Ao todo, participaram do levantamento 1.773 executivos que ocupam altos cargos de gestão no Brasil (518), Argentina (154), Chile (432) Colômbia (159) e México (518). Os profissionais consultados na pesquisa – 57% de empresas multinacionais e 43% de companhias locais – ocupam postos privilegiados, em grandes companhias. Da Redação